quinta-feira, 31 de agosto de 2017

DEUSA TIQUE



Tique (em grego: Τύχη, transl. Tykhe, "sorte"), nos antigos cultos gregos, era a divindade tutelar responsável pela fortuna e prosperidade de uma cidade, seu destino e sorte, fosse ela boa ou ruim. Sua equivalente na mitologia romana era Fortuna.
O historiador grego Stylianos Spyridakis expressou de maneira concisa a atração de Tique para o mundo helenístico, repleto de violência arbitrária e reveses desprovidos de significado: "Nos anos turbulentos dos epígonos de Alexandre, uma percepção da instabilidade dos assuntos humanos levou as pessoas a acreditarem que Tique, a amante cega da Fortuna, governava a humanidade com uma inconstância que explicava as vicissitudes da época."
Durante o período helenístico era comum que cada cidade venerasse sua própria versão icônica específica de Tique, vestindo uma coroa mural (uma coroa com o formato das muralhas da cidade). 
Na literatura estas versões recebiam diversas genealogias diferentes, por vezes como filha de Hermes e Afrodite, ou consideradas uma das Oceânides, filhas de Oceano e Tétis, ou Zeus Píndaro. 
Era associada a Nêmesis e Agatodemon ("bom espírito"), e venerada em Itanos, na ilha de Creta, como Tyche Protogeneia, associada à Protogenia ("primogênita") ateniense, filha de Erecteu, cujo auto-sacrifício salvou a cidade.
Em Alexandria, o Tiqueão (Tykhaeon), templo de Tique, foi descrito por Libânio como um dos mais magníficos de todo o mundo helenístico. 
Existiam templos dedicados a ela em Cesareia Marítima, Antioquia, Alexandria e Constantinopla.
Tique aparece em diversas moedas nos três séculos que antecedem o nascimento de Cristo, especialmente nas cidades ao redor do mar Egeu. 
Mudanças imprevisíveis da fortuna são a força-motriz nas complicadas tramas dos romances helenísticos, como Leucipe e Clitofonte ou Dáfnis e Cloé
Seu culto experimentou um ressurgimento durante outro período de mudanças turbulentas, os últimos dias do paganismo sancionado pelas autoridades, no fim do século IV, entre o reinado dos imperadores romanos Juliano e Teodósio I, que fechou definitivamente os templos.
Na arte medieval era representada portando uma cornucópia, um timão emblemático e a Roda da Fortuna; por vezes é representada sobre esta roda, presidindo sobre todo o círculo do destino. Na arte greco budista de Gandara, Tique tornou-se intimamente associada à deusa budista Hariti.
O historiador grego Políbio acreditava que, sempre que não se descobrisse as causas de determinados eventos, tais como enchentes, secas ou geadas, estas causas podiam ser atribuídas com justiça a Tique.
A constelação de Virgem por vezes é identificada como a figura celestial de Tique, bem como outras deusas como Deméter e Astreia.
Na peça de Sófocles sobre Édipo, quando perguntam em qual deidade ele acredita, Édipo responde que Tique, naquela época sinônimo de acaso, ou acaso divino.


DEUSA DA FORTUNA


Fortuna era a deusa romana do acaso, da sorte (boa ou má), do destino e da esperança. Corresponde a divindade grega Tique. Era representada portando uma cornucópia e um timão, que simbolizavam a distribuição de bens e a coordenação da vida dos homens, e geralmente estava cega ou com a vista tapada (como a moderna imagem da justiça), pois distribuía seus desígnios aleatoriamente.

Fortuna era considerada filha de Júpiter. Roma dedicava a ela o dia 11 de junho, e no dia 24 do mesmo mês realizava-se um festival em sua homenagem, o Fors Fortuna. Seu culto foi introduzido por Sérvio Túlio, e possuía diversos templos em Roma.

Possivelmente o culto a Fortuna é anterior à fundação de Roma, embora os romanos atribuíssem a introdução desse culto a Sérvio Túlio - rei que a ela dedicou pelo menos vinte e seis templos (Fanum Fortunae) na capital, cada um com uma diferente epiclese (epiclese era um epíteto pelo qual uma divindade era evocada no culto). Fortuna era uma deusa de caráter duplo mas sempre positivo. Seu correspondente na mitologia grega é a deusa Tique.